Se você ainda não percebeu, nós temos de te contar: a internet não é a TV

Se você ainda não percebeu, nós temos de te contar: a internet não é a TV

Existe uma frase que eu não aguento mais escutar de pessoas que colocam os sobrinhos para cuidar das redes sociais de suas marcas ou daquelas outras que não entendem bulhufas de presença on-line e gostam de esbravejar: “eu posto e as pessoas não veem!”. Queridos, desculpe decepcioná-los, mas a internet não é a televisão.

Se você já estudou comunicação de verdade, mais especificamente a disciplina de Teorias da Comunicação, possivelmente já ouviu falar da “teoria da agulha hipodérmica”. Se não ouviu, sem problema, agora terá a oportunidade de ler (?).

Em linhas gerais, esta teoria – ultrapassada e ridícula -, foi criada na década de 30 pela escola norte-americana, e consiste basicamente em afirmar o seguinte: supostamente, toda mensagem enviada terá sempre uma resposta do receptor, e tudo isso sem resistência, quase que como o disparo de uma arma de fogo ou de uma agulha, que perfuram a pele sem dificuldade alguma.

Esta teoria não vale de nada, claro, porque sabemos que, quando os receptores são diferentes, é impossível que todos compreendam estímulos e mensagens da mesma maneira, no entanto, esta teoria é uma das que mais se aproximam do que a TV faz com o expectador – isso se o expectador não tivesse pensamento crítico algum, óbvio. O que eu quero dizer é que este canal específico se propõe a emitir mensagens sem parar a partir do momento em que é ligado. Ou seja, se alguém sentar em frente à TV e ligá-la, imediatamente começará a ser bombardeado por informações – ou desinformações, na maioria dos casos -, tendo apenas o recurso de mudar de canal, onde mais conteúdos serão exibidos sem, digamos, a autorização prévia de quem a assiste.

Então, se você anunciar lá, É ÓBVIO QUE AS PESSOAS ASSISTIRÃO! Afinal, elas não têm outra opção, mas isso não significa que elas serão fãs da sua marca. E é justamente esta falta de autonomia na TV – não só ela, claro – que fez com que a internet e as redes sociais se tornassem canais maravilhosos para divulgar a sua marca. Aqui no mundo on-line as pessoas só veem aquilo que elas procuram, que elas querem ver. E se elas não estão procurando a sua marca ou não estão dando a mínima para o que ela faz na internet, sinto muito, mas o seu conteúdo não está atraente, não está relevante.

Enquanto a televisão se baseia no conceito foucaultiano de “Panóptico” – leia “Vigiar e Punir” caso não tenha essa referência -, a internet traz à tona uma condição que é inexistente na TV: a possibilidade do usuário/expectador dar um feedback, conversar ou interagir com uma marca, o que torna tudo mais próximo e consegue garantir que os fãs de uma marca na internet se tornem potenciais disseminadores dela. Não é o máximo? Sim, é! É isso que você quer para a sua empresa? Acredito que sim. Se for, está na hora de parar de emitir mensagens quaisquer sem critério e sem levar em consideração a resposta do público, e começar a escutá-lo para perceber o que ele espera de você, não o contrário. Quem manda no ambiente on-line e principalmente nas redes sociais, sinto muito, são as pessoas. Aqui elas que decidem, nós decidimos – às vezes esqueço que sou uma pessoa (?).

Autocrítica nunca fez mal a ninguém, por isso eu tenho certeza de que não fará mal para a sua marca/empresa. Me responda sinceramente e depois pode ir dormir – se conseguir: você ficaria lendo o conteúdo da sua empresa na internet se fosse um usuário ou você sequer sabe o que tem sido postado na timeline das redes sociais em que ela está presente? Pois é. Como diria Edward R. Morrow: boa noite e boa sorte!

Por Igor Francisco, redator-chefe.

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