Dia Internacional da Mulher: a sua marca está alinhada com a realidade?

Dia Internacional da Mulher: a sua marca está alinhada com a realidade?

Amanhã, novamente, você verá pipocar na timeline das suas redes sociais um zilhão de “homenagens” que se destinam ao Dia Internacional da Mulher. No entanto, será que a sua marca fará isso da maneira como deve ser feito ou dará aquela famoso “tiro no pé?”.

Pergunto, porque desde o ano passado temos conversado sobre Femvertising. Aliás, quando eu digo que temos conversado, incluo na conversa veículos como o The Guardian e o Huffington Post. Enfim, em linhas gerais, o papo consiste em perceber e, convenhamos, comemorar, como os desdobramentos dos conceitos de gênero e feminismo amarrotaram o feed de diferentes redes sociais, influenciando diretamente o nosso trabalho nas agências.

O que isso quer nos dizer? Como profissionais de comunicação que lidam com a linguagem – principalmente com ela – é interessante analisarmos como o discurso é capaz de transformar a realidade – o que confirma a importância de seus mecanismos na história. Então, de um jeito bem mercadológico e rude, preciso alertar aos que ainda não foram alertados: se o discurso mudou na pauta da sociedade, a presença da marca que você gerencia
na web precisará se adaptar – e isso para qualquer questão. E as opções são três:

1) A marca continua sendo “amigável” e pouco polêmica no imaginário do usuário e deixa estes assuntos complexos de lado;

2) A marca mostra que se alinhou ao discurso e práticas do conceito de machismo;

3) A marca mostra que se alinhou ao discurso e práticas do conceito de feminismo.

Todas são executáveis, mas os danos que cada uma delas é capaz de causar também o são.

No caso da primeira escolha

Agora parece que nada acontecerá – que o seu banner com flores para as mulheres passou desapercebido -, no entanto, adiar uma discussão inevitável é a melhor maneira de gerenciar a situação? Estudar o assunto e propor estratégias previamente não seria melhor do que esperar um comentário qualquer na page do seu cliente se tornar uma verdadeira crise?

No caso da segunda escolha

A sua marca realmente quer estar aliada a um discurso que tem como opositores inúmeros formadores de opinião e seus seguidores inflamados? A um discurso que é considerado por inúmeras pessoas como opressor?

No caso da terceira escolha

A sua marca está disposta a declarar um alinhamento que considere as questões da igualdade de gêneros e dos direitos humanos realmente pertinentes? Ah, lembrando que ela terá de lidar com as outras milhares de pessoas que exprimem sua rejeição a respeito das discussões de gênero, né?

Como agência, jamais saberíamos o que dizer imediatamente para uma empresa – pensado mercadologicamente, claro. Para isso, teríamos de estudar a cultura dela, analisar cada variável existente no histórico da marca, perceber qual é o público, como o produto ou serviço dela é visto no mercado e, sobretudo, discutir exaustivamente o tema em reuniões daquelas que as agências sabem bem quais são – piada interna só com o pessu de agência haha.

Como “pessoa física” (risos), ou seja, dotado dos meus direitos de opinião, com certeza escolheria a três, mas admito que todos os meus princípios básicos, estudos e vivências influenciam nesta decisão. Entretanto, além disso, também gosto de fazer algo que uma professora de história me disse no passado: para chegar o mais próximo possível do futuro, projete o passado a partir dos resultados já conhecidos na história.

Neste sentido, o que você me diz? As discussões sobre os gêneros estão cada vez mais na pauta ou não? Elas têm ganho adeptos a todo instante ou não? Isso já aconteceu antes no mundo? Se sim, tem acontecido desde então ou parou? Não diminuiu? Hum, acho que a projeção do passado pode ajudar você a refletir.

Quem diz que o mercado é algo muito mais prático e financeiro do que “teórico” e “conceitual” precisa aprender a usar outras métricas para medir o que acontecerá no futuro, porque se os índices monetários conseguissem decifrar o futuro das empresas, nenhuma delas estaria contratando o seu trabalho para analisar e transformar os índices de relacionamento, por exemplo, que a marca dela consegue atingir com o seu trabalho na web, e que você tenta resumir em gráficos do Insights todos os meses. Não faz sentido?

Estar atenta ao que chamamos de “pauta da sociedade” é algo básico para profissionais que pretendem conseguir conversar com um grande número de pessoas na internet. Imaginem uma conversa entre um adolescente da década de XX e um adolescente dos anos 2000. Complicado, não?

Por Igor Francisco

Redator-chefe.

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