Você sabe o que é sociolinguística?
Os guardiães da gramática que me perdoem, mas se fazer entender é muito mais necessário do que escrever “corretamente”.
Sim, você está lendo um redator defender o erro. No entanto, podem ficar tranquilos, isso tem uma fundamentação teórica e, mais que isso, é uma ideia que já está completamente presente no dia a dia de qualquer um de nós. Nós só insistimos em não perceber.
Porque saber escrever conforme a norma é um padrão que nos faz parecer mais inteligentes, cultos ou qualquer outra coisa que possa ser representada por um adjetivo bonito.
Primeiramente, o que é sociolinguística?
Antes de te convencer sobre a ideia da introdução deste texto, explicarei o que é sociolinguística, ok?
Dentro do que chamamos de linguística existe uma enorme quantidade de vertentes teóricas que, com o passar do tempo, foram sendo ignoradas ou desenvolvidas. E a sociolinguística é exatamente isso: uma vertente, que estuda as relações entre a língua e a sociedade.
Essa vertente leva em consideração variáveis como o contato que existe entre os sujeitos, a cultura e a economia.
Entre outros aspectos, a sociolinguística estuda a maneira como nos entendemos, independentemente de sabermos quando usar ou não a famigerada crase. Parece legal? E é! Aliás, a publicidade é uma velha amiga da sociolinguística – talvez não declarada, mas que é, é!
A relação da sociolinguística com a publicidade
Nos textos publicitários, a fim de nos fazermos compreender, ou seja, a fim de fazer com que o público alvo receba corretamente a mensagem do cliente, somos institucionalmente autorizados a errar.
Sim, a suprimir letras, esquecer próclise, mesóclise e ênclise. Usar termos populares que não estão dicionarizados e, ainda, fingir que usar pronomes entre verbos é algo super normal. Na publicidade, tal qual na poesia, temos licença poética.
O engraçado é que no caso da publicidade – ou da poesia – ninguém condena os erros. Com certeza este fenômeno acontece porque o erro, nestes dois casos, é institucionalizado. Ou seja, um grupo de pessoas ou uma ordem profissional te permite errar sem medo e, mais que isso, reforçam o erro na hora de uma defesa publicitária.
Eu sempre sairei a favor do erro, principalmente quando os arautos da gramática erram!
Errar não é feio quando você se fez entender, só parece feio porque a norma culta reforça a posição de algumas pessoas na relação que existe entre a língua e a sociedade.
A norma culta é um tipo de poder, que serve para considerar melhor quem sabe as inúmeras regras da gramática. Entretanto, os sociolinguistas podem provar para qualquer um, por a + b, que nas mudanças da língua, de qualquer uma delas, o erro suprime a norma e continua sendo utilizado no lugar dela, justamente porque se fazer entender é muito mais importante do que se considerar gramaticalmente melhor.
Dúvidas? Recomendo a leitura de William Labov.
A Projetual produz conteúdo baseada nas variantes da língua e, principalmente, baseada na ideia de que o público da sua empresa precisa entender o que você quer dizer.
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Por Igor Francisco
Coordenador de Redação e Social Media